Como em toda grande metrópole, a mobilidade é um dos maiores problemas da cidade de São Paulo. Deslocar-se na cidade, seja em função do trabalho, do estudo ou do lazer, é uma das tarefas cotidianas mais difíceis. Da mesma forma, os alimentos, as roupas e os produtos que consumimos diariamente precisam ser transportados para chegar às nossas casas. Basicamente, são pessoas e mercadorias que se deslocam pela cidade -- de diferentes maneiras, mas com crescente dificuldade.
A crise de deslocamento nas grandes cidades se deve principalmente a dois aspectos: o tamanho das cidades, que estão cada vez mais espraiadas, fazendo com que o emprego e a habitação se tornem cada vez mais distantes; e a forma desse deslocamento, pois a preferência pelo uso individual do automóvel causa enormes prejuízos à economia e ao meio ambiente urbano. Essa preferência faz parte da cultura nacional e precisa ser reavaliada se quisermos desenvolver minimamente a qualidade de vida em nossas cidades.
O uso excessivo do automóvel e sua permanência duradoura nos espaços urbanos devem ser questionados. É importante que os cidadãos percebam que a cidade perdeu seus espaços públicos para o domínio dos carros; a partir dessa tomada de consciência, é preciso iniciar uma reflexão coletiva e pôr em prática ações transformadoras, que elevem a qualidade das nossas ruas e, principalmente, criem uma nova cultura entre a população. Muitos ainda creem que o automóvel não é o agente da crise da mobilidade, mas sim uma solução alternativa ao transporte público de pouca qualidade. É parte fundamental do desenvolvimento econômico sustentável de uma grande cidade pensar formas alternativas de mobilidade para reduzir o tempo gasto pela população em seu deslocamento .
Ao propiciar alternativas sustentáveis de mobilidade e espaços qualificados para a permanência e segurança das pessoas, as cidades colocam em evidência a disputa pelo direito de seu uso e incentivam o surgimento de uma nova cultura urbana, com consequente desenvolvimento econômico, social e ambiental. Entramos então no debate de como reinventar as formas de uso das ruas e de espaços públicos através da promoção de modos mais sustentáveis de transporte. Corredores exclusivos para o transporte coletivo, uso de tecnologia veicular, implantação de uma ampla rede de ciclofaixas, qualificação das calçadas e renovação das formas de uso das praças são maneiras de dotar a cidade de estruturas capazes de melhorar não apenas o deslocamento em si, mas a relação dos cidadãos com sua cidade.