Artista Denise Milan expõe 'Fumaça da Terra' nos EUA

20/05/2015
Compartilhar:

O Brazil Institute do Wilson Center, em Washington (EUA), está sediando a exposição Fumaça da Terra (Mist of the Earth), da artista brasileira Denise Milan. Bastante envolvida com a temática ambiental no Brasil, a paulistana, formada em economia e ecoativista reconhecida, leva à capital norte-americana a exposição de fotografias e fotocolagens que já esteve em Chicago entre junho de 2012 e janeiro de 2013 e em São Paulo, de março a abril de 2014.

Como Denise revelou ao jornal O Estado de S. Paulo em março do ano passado, o processo criativo das imagens que compõem e Fumaça da Terra, teve início quando ela começou a fotografar, de forma quase compulsiva, a Mata Atlântica, parando para ouvir histórias de gente simples e beber da cultura caiçara. Dali, aos poucos, a artista chegou ao sertão baiano, que também fotografou intensamente.

A curadoria da exposição em Washington é do crítico de arte norte-americano Simon Watson, que deu visibilidade ao trabalho de Denise e dividiu a curadoria da mostra, em São Paulo, com Izabel Pinheiro. “Minha primeira visita ao studio de Denise Milan em São Paulo foi um tanto formal, só para ver suas obras e olhar os catálogos de exposições passadas. Num dos encontros seguintes é que pude desenterrar um tesouro: caixas cheias de fotografias e pequenas colagens que ela vinha fazendo há mais de 15 anos”, contou Watson ao Estadão.

“Fiquei extasiado com aquela obra esplendorosa, guardada com tanta timidez”, completou o veterano de trinta anos da cena cultural, ao falar sobre o trabalho feito por Denise em suas andanças pelo país. Atuando em três continentes, Watson é consultor de arte e jornalista independente, com base em Nova York e São Paulo.

MEMÓRIA E HISTÓRIA

As imagens unem memória e história e convidam os espectadores para uma jornada de imaginação e reflexão sobre os desafios ambientais do desenvolvimento. A artista usa fotografias, esculturas e colagens para produzir o que o poeta Haroldo de Campos certa vez descreveu como uma ação de desmobilizar estruturas de seu cenário natural “intervindo de uma maneira extremamente criativa para acrescer em termos de informação estética, aquele dado da natureza que já era esplêndido em si mesmo, que ela recebe um presente brasileiro para uma artista de tanta sensibilidade”.

Entre os muitos admiradores internacionais de Denise estão os colecionadores de arte e lançadores de tendências Zoe e Joe Dictrow, de Nova York. “Fumaça da Terra” revisita o trabalho profundamente humanístico de Denise nos últimos 25 anos como uma ativista ecológica e de arte-educação. Ela já expôs seu trabalho em Belém, Brasília (DF), Chapingo (México), Hakone e Osaka (Japão), Hannover (Alemanha), Londres (Inglaterra), Nova York (EUA), Paris (França), Salvador (BA) e Taiwan (China).

A visão de Milan sobre seu país leva o espectador por três zonas temáticas: “Paraíso”, “Paraíso Perdido”, e “Paraíso Reconquistado”. O primeiro transborda de imagens que de maneira lúdica conjuram um mundo natural verdejante de abundância e exuberância.

“Paraíso Perdido” apresenta uma Terra que foi rasgada, depauperada, onde o tormento das pessoas é paralelo à devastação da terra. E finalmente, “Paraíso Reconquistado” reivindica a possibilidade de esperança depois da escuridão. Essa exposição é a culminação dessa experiência e a personificação das preocupações contínuas da artista – como também um testamento de um legado problemático da colonização, da escravidão dos povos africanos, e a exploração de regiões inteiras, assim como para o lado mais vívido do Brasil, sua beleza e espírito elevado.

A abertura da exposição ocorreu hoje com um workshop sobre arte e sustentabilidade como parte da série Managing Our Planet, que o Brazil Institute e o Environmental Change and Security Program, também do Wilson Center, têm sediado junto com o Programa de Ciência e Política Ambiental da Universidade George Mason desde 2012.