Calçadas da informação

20/07/2015
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Na coluna "A Cidade da Informação", para o jornal O Globo, o arquiteto e urbanista Washington Fajardo toca em um tema central para o futuro das cidades: como as novas dinâmicas digitais estão reorganizando setores produtivos? “A Uber, maior empresa de táxi executivo do mundo, não possui nenhum carro. A Airbnb, maior empresa de hotelaria do mundo, não é dona de nenhum quarto”, escreve Fajardo, que é também presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

 

Como os centros urbanos vão organizar seus fluxos de informação será determinante para se repensar serviços tradicionais e criar novas demandas econômicas. “Se causam tanta aflição as inovações que surgem, com compartilhamento de bens e serviços, o que acontecerá quando estivermos todos conectados o tempo todo, a tudo e a todos, e às cidades e seus dados? A informação avança rapidamente para consolidar-se como uma nova infraestrutura urbana, tal como água, esgoto ou eletricidade, e quando essa camada sedimentar-se, a ponto de ficar amalgamada ao território urbano, teremos múltiplas e vastas possibilidades de criação de riquezas privadas e públicas”, escreve.

 

A coluna também ressalta o impacto da nova empresa do Google, que lançou em junho uma plataforma dedicada exclusivamente ao desenvolvimento de inovações urbanas. Com sede em Nova York, a Sidewalk Labs parte com a missão “melhorar a vida nas cidades para todos através da aplicação de tecnologia para resolver problemas urbanos”. O CEO do Sidewalk Labs será Dan Doctoroff, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Reconstrução da gestão Bloomberg em Nova York. 

 

Durante o anúncio da nova empresa, Doctoroff declarou: “Estamos no começo de uma transformação histórica das cidades. Em um momento em que as preocupações sobre igualdade urbana, custos, saúde e meio-ambiente estão se intensificando, uma mudança tecnológica sem precedentes vai permitir que as cidades sejam mais eficientes, responsivas, flexíveis e resilientes. Esperamos que a Sidewalk tenha um papel central no desenvolvimento de tecnologias, plataformas e infraestrutura avançada que possa ser implementada em escala nas cidades ao redor do mundo”.

 

Que tipos de produtos e serviços surgirão da Sidewalk Labs permanece um mistério, mas Doctoroff já anunciou que a estratégia do Google será diferente de outras companhias que hoje já desenvolvem tecnologias de “Smart Cities” e que buscam inserir seu produto na infraestrutura urbana. A Sidewalk vai criar plataformas voltadas para as pessoas e fornecer mecanismos que os cidadãos podem acessar diretamente e com com diferentes propósitos, desde o controle de seus gastos com eletricidade a mudanças no padrão de transporte para reduzir o tempo de jornada pela cidade. 

 

No final de junho, a empresa anunciou a fusão da Control Group e Titan, criando a Intersection, que será presidida também por Doctoroff. O objetivo da Intersection é levar Wi-Fi grátis para 10 mil pontos de Nova York, como parte do pioneiro LinkNYC. Para saber mais sobre as inovações da Sidewalk Labs, leia a reportagem do jornal New York Times sobre a nova empresa do Google.