Parque Sitiê vence Seed, prêmio de design nos EUA

29/04/2015
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Ao longo de mais de duas décadas, os cerca de 25 mil moradores da Favela do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro, viram mais de 16 toneladas de lixo se acumularem no local. Era comum despejar no morro eletrodomésticos com defeito, restos de comida e até corpos de animais mortos. A situação começou a ser revertida em 2005, quando Mauro Quintanilla e Paulo César Almeida, vizinhos do lixão, decidiram começar a remoção os dejetos por conta própria.

 

Com o apoio de outros moradores, Quintanilla e Almeida organizaram mutirões. Levou seis anos para a maior parte do lixo ser retirada. O local foi então rebatizado de Parque Sitiê, palavra que mescla “sítio” a “Tiê-sangue“, “pássaro nativo de grande beleza e sagacidade que caracteriza o local”, como relata o site do parque.

 

Recentemente, o Sitiê foi premiado nos EUA pelo SEED (Design Socioeconômico e Ambiental, na sigla em inglês), entidade que valida iniciativas que combinam design arrojado e interesse público. O júri do SEED destacou que o projeto “trabalha na recuperação de depósito de lixo, controle de deslizamentos de terra e organização comunitária”.

 

Ainda apontam para o fato de que “a equipe está profundamente enraizada na comunidade e busca ferramentas duráveis (como direitos de propriedade, mecanismos de financiamento)”. Segundo o júri, isso transforma o projeto em algo “além de apenas um agradável parque ecológico construído pela comunidade”.

 

Ao Arq.Futuro Digital, Pedro Henrique de Cristo disse se sentir muito honrado com a premiação. “Esse prêmio dedicado à excelência e inovação no design de interesse público coloca o projeto iniciado pelo Mauro Quintanilha e nossa arquitetura num novo nível de reconhecimento internacional”, disse.

 

Ele também destacou o fato de que o Sitiê virou estudo de caso em Harvard. “Ficamos muito felizes também que dentre os seis premiados, três foram transformados em estudo de caso, incluindo o Sitiê, que representa assim a América Latina nas melhores universidades americanas”. Segundo ele, o prêmio é o resultado do trabalho da comunidade, do +D (seu escritório, que desenvolveu o projeto do Instituto Sitiê de Meio Ambiente, Artes e Tecnologia) e colaboradores das mais diversas áreas que, em meio à crise, acreditam e fazem o Sitiê acontecer”.