Projetos-piloto como instrumento de renovação

POR GUSTAVO PARTEZANI
23/08/2018
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                                                                                                             Foto: André Tambucci_Fotos Públicas

 

Antes de uma intervenção urbana cara e definitiva, vale a pena escutar a população, colher ideias e implantar estruturas e usos temporários – fazer um teste, para ajudar na decisão

 

A estratégia desenvolvida para a transformação da cidade compreende não apenas projetos de novos elementos de infraestrutura para as vias e espaços públicos, mas também – e principalmente – os novos usos desses lugares. A paisagem da cidade de São Paulo, antes modificada somente em sua forma, agora também se renova pela maneira como as pessoas se apropriam dela. Neste momento, é essencial estabelecer programas urbanos que contribuam para a consolidação dos novos usos desses espaços.

 

Se utilizarmos metodologias participativas durante os processos de desenvolvimento de projetos de infraestrutura e de espaços públicos, uma simples entrevista direta com os usuários é o suficiente para identificar pequenas e precisas melhorias que são capazes de transformar o todo. Isso é exatamente o que deve ser feito em momentos anteriores à implantação de novas e caras obras de infraestrutura. Mas, infelizmente, não é a praxe.

 

Pesquisas realizadas em conjunto com os projetos de intervenção demonstram a eficiência da metodologia de trabalho baseada em projetos-pilotos. Os projetos-pilotos consistem em uma série de intervenções urbanas temporárias.  Locais com características voltadas exclusivamente à passagem, quando valorizados pela presença de elementos de estar, modificam completamente sua função. Um exemplo: a remoção de algumas interferências e a instalação de um palco para manifestações artísticas em uma rua pode resultar na diversificação das atividades ali praticadas.

 

São intervenções físicas inovadoras e por vezes vitais para cidadãos e usuários. Atividades nunca antes imaginadas nesses espaços passam a ser valorizadas e a modificar a cultura das pessoas. Essas atividades são propostas e formuladas junto com os agentes participantes do projeto e podem, por exemplo, se voltar para ciclistas, pedestres, praças públicas, paisagens urbanas, iluminação e melhoria do uso noturno do espaço. Esse é o objetivo de um projeto de renovação urbana: valorizar as formas de uso para transformar a infraestrutura da cidade.