A maioria dos nossos leitores, provavelmente, assim como nós, dispõe de água nas torneiras de casa e de descarga no banheiro. Ter água encanada e conexão à rede de esgoto faz parte do mínimo que esperamos de civilização.
Entretanto, milhões de brasileiros não têm acesso a esse mínimo, cerca de 50% do país – veja mais aqui. Muitos precisam buscar água, muitas vezes impura, de poços ou rios; outros tantos vivem em casas sem esgoto, recorrendo a fossas sanitárias, quando muito. Como consequência, grande parcela da população do país está cotidianamente exposta a doenças que limitam sua qualidade de vida e colocam obstáculos ao pleno desenvolvimento de seu potencial.
Mas por que não conseguimos garantir água encanada e rede de esgoto para todos?
Por vários fatores: crescimento rápido das cidades e da população no século passado, descaso das autoridades e custo inflacionado das obras públicas devido à corrupção.
Uma operação recente da Polícia Federal e do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aponta para mais um culpado: a organização de empresas que produzem encanamentos em um cartel para manipular (aumentar) o preço dos tubos de PVC e polipropileno essenciais para as obras de saneamento.
As empresas do cartel decidiam entre si quem levaria cada licitação. Se uma obra seria da Tabajara Tubos, a Tamandaré Conexões ofereceria uma proposta exageradamente alta para a licitação, criando a ilusão de que houve concorrência.
Mas outra medida poderia ser tomada para dificultar a formação de cartéis: derrubar as barreiras que impedem ou tornam muito cara a participação de empresas estrangeiras nas licitações de obras públicas.
Mais competição ajudaria a construir um Brasil mais saudável.
***
Texto originalmente publicado no blog do Por Quê? Economês em bom português.