SEMINÁRIO CIDADES EDUCADORAS
“A cidade é uma estranha senhora, que hoje sorri e amanhã te devora”, diz a canção infantil, sintetizando os prazeres e riscos proporcionados pela experiência urbana. Composta no fim dos anos 1970, em meio ao êxodo rural que resultou nos atuais 85% da população vivendo em núcleos urbanos, a cidade dos sonhos e possibilidades é a mesma que nos ensina a erguer muros entre moradores.
As cidades brasileiras cresceram mal, mantendo índices precários de saneamento, segurança, habitação. A chamada cidade informal, autoconstruída e carente de toda infraestrutura, ocupa a maior parte do tecido urbano, mas continua invisível e inacessível aos habitantes das zonas centrais, quando não aos gestores e planejadores.
Neste seminário partimos da ideia de que a cidade pode ser considerada como uma escola. Uma escola de convivência e trocas simbólicas, o locus fundamental de aprendizagem da experiência pública, lugar formador do sentimento da urbanidade. Seria preciso discutir os sentidos primários da cidade como lugar de passagem e ocupação, como território e espaço, introduzindo a hipótese da cidade como lugar de aprendizado e intervenção transformativa.
Cidades inteligentes não são necessariamente as mais bem-dotadas de equipamentos culturais ou universitários, mas aquelas que contam com dispositivos de autorregulação e lógicas decisionais mais inclusivas e participativas. Elas permitem que a cisão entre centro e periferia, entre público e privado, entre formalidade e informalidade seja reconhecida e tratada.
Se, nas palavras do economista Edward Glaeser a cidade é “a maior invenção da humanidade” é preciso admitir que ela foi uma invenção coletiva. Se ela permite o florescimento da cultura, o debate de ideias, o exercício pleno da política e da cidadania é porque representa a realização material de bem comum, e portanto a permanência do saber acumulado sobre seus problemas e soluções. Assim como enfrentamos o desafio de fazer uma escola inclusiva, chegou a hora de pensar uma cidade que não se organize pelo princípio da exclusão e pela prática da segregação.
A educação, neste caso, não é prerrogativa da escola, nem de seus professores ou planejadores, se bem que constatamos uma subtematização da cidade nos processosde aprendizagem escolar. Ainda assim é possível pensar em fazer das escolas lugar potencial a partir do qual a transformação urbana possa ganhar impulso. Para tanto elas precisariam sair de seus próprios muros rumo ao aumento de sua potência comunitária, o que já é particularmente notável nas áreas de baixa institucionalidade, onde há rarefação da presença do Estado.
Propomos então uma reflexão cruzada entre urbanistas e educadores em torno de uma cidade aprendente, o que envolve tanto a consideração curricular e a integração disciplinar de temas urbanísticos quanto o mapeamento e localização dos recursos aprendentes da malha urbana, particularmente. Isso requer um esforço metódico de oferecer ao jovem conhecimento formal e sistematizado sobre o ambiente em que ele vive, ajudando-o a compreender desde os aspectos físicos da cidade até suas regras de governança; requer, sobretudo, a participação cidadã, ativa e transformadora no contexto de produção e disponibilização de saberes sobre a experiência da cidade. Contra a cidade em estrutura reversível e cambiante que vai do condomínio ao presídio e do shopping center aos bolsões de miséria, propomos o retorno da cidade como lugar do comum. Contra a cidade como lugar de deriva dos refugiados em seu próprio país, propomos a cidade acolhedora e aprendente. A educação para a cidade requer um novo esforço civilizatório, para construir um novo espaço urbano que supere as atitudes ambivalentes de generosidade ou hostilidade, redefinindo a produção do interesse comum mais além do público e do privado. Uma cidade que se torne lugar de encontro, inclusão, diversidade e oportunidade – para todos.
PROGRAMAÇÃO
CREDENCIAMENTO | 8h30 - 9h
ABERTURA | 9h – 9h15
9h – 9h10 - Carolina da Costa [Insper]
9h10 – 9h15 - Tomas Alvim [Arq.Futuro e Insper]
PAINEL 1 | 9h15 – 11h
A cidade como lugar de aprendizado e intervenção transformativa – o desafio de fazer uma escola além dos muros
9h15 – 9h45 - PALESTRA: Christian Dunker [USP-SP]
9h45 – 11h - DEBATE
- Christian Dunker [USP-SP]
- Carolina da Costa [Insper]
- Sônia Pieri [EE Infante Dom Henrique, Vila Matilde]
- Paulo Blikstein [Columbia University]
- Mediação: Tomas Alvim [Arq.Futuro e Insper]
PAINEL 2 | 11h – 12h45
A cidade nos processos de aprendizagem escolar – um lugar de grande potencial para transformação urbana
11h - 11h30 - PALESTRA: Cláudia Vidigal [Fundação Van Leer]
11h30 - 12h45 - DEBATE
- Cláudia Vidigal [Fundação Van Leer]
- Wilton Ormundo [Escola Móbile]
- Eloisa Ponzio [Devir]
- Jaison Luppi [E.E. Prof. Adrião Bernardes e ECOATIVA, Grajaú]
- Mediação: Edson Diniz [Diretor Redes da Maré, RJ]
ALMOÇO | 12h45 – 14h
PAINEL 3 | 14h – 15h
A potência comunitária - uma reflexão cruzada entre urbanistas e educadores em torno de uma cidade aprendente.
14h - 15h - DEBATE
- Cristiane Muniz [Escola da Cidade]
- Professor Bráz [UNAS, Heliópolis]
- Roberto Montezuma [INCITI-UFPE]
- Ana Cristina Bortoletto Dunker [Escola Carandá Vivavida]
- Mediação: Christian Dunker [USP-SP]
PAINEL 4 | 15h – 16h
A cidade acolhedora e aprendente - uma cidade que se torne um lugar de encontro, inclusão, diversidade e oportunidade para todos
15h – 16h - DEBATE
- Marisa Moreira Salles [BEĨ Educação e Arq.Futuro]
- Christian Dunker [USP-SP]
- Danilo Costa [Vereda Educação]
- Rafael Gomes [Rapper MMoneis,Grajaú]
- Mediadora: Ana Luíza Colagrossi [Espaço Àra Educação]
SERVIÇO
Data: 30/11/2019
Horário: 09h00
Local: Auditório Steffi e Max Perlman
Entrada: Rua Uberabinha, s/n - Vila Olímpia
Estacionamento: Rua Uberabinha, s/n – Vila Olímpia
INSCREVA-SE AQUI!
Horário: 09h00Local: Auditório Steffi e Max Perlman
Entrada: Rua Uberabinha, s/n
Estacionamento: Rua Uberabinha, s/n – Vila Olímpia