Entre os colaboradores internacionais do Arq.Futuro, o arquiteto chileno Alejandro Aravena é sem dúvida um dos mais assíduos. Tanto pelas apresentações e debates dos quais participou (confira em nossos vídeos), sempre de forma inspiradora, como pela permanente troca de informações e boa camaradagem. Assim, foi com grande alegria que recebemos a notícia da sua escolha como detentor do Pritzker Architecture Prize de 2016. Aos 48 anos, Aravena é o 41° laureado deste que é o principal prêmio internacional de arquitetura, sendo o quarto latino-americano (depois do mexicano Luis Barragán, em 1980, e dos brasileiros Oscar Niemeyer, em 1988, e Paulo Mendes da Rocha, em 2006). Talvez uma forma eficiente de homenageá-lo seja repetir as palavras de Tom Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, a instituição mantenedora do prêmio, ao justificar a indicação do ano:
" O júri selecionou um arquiteto que aprofunda a compreensão do que seja verdadeiramente o grande desenho. Alejandro Aravena foi um pioneiro na prática colaborativa que leva à produção de poderosas obras de arquitetura, ao mesmo tempo em que aponta, através do seu trabalho, desafios cruciais para o século XXI. Seu trabalho construtivo dá oportunidade econômica aos menos privilegiados, mitiga os efeitos de desastres naturais, reduz o consumo de energia e ainda possibilita a formação de espaços públicos acolhedores. Inovativo e inspirador, ele nos mostra como a arquitetura, no seu melhor, pode incrementar a vida das pessoas".
Aravena vive em Santiago, no Chile, onde formou a empresa "do-thank" Elemental, que desenvolve principalmente projetos de interesse público e impacto social nas áreas de moradia, mobilidade, infraestruturas urbanas e espaço público. Com seus parceiros na Elemental, Aravena já projetou mais de 2,5 mil unidades de habitação social, em cidades chilenas, com grande diferencial em relação aos projetos convencionais de moradia para segmentos de baixa renda. A começar pelo fato de que, nos projetos da Elemental, a equação para o financiamento das moradias reserva mais dinheiro para a compra de terrenos e recursos para a construção de casas inacabadas, que somente serão finalizadas com a participação e decisão final dos seus futuros usuários. Como diz Aravena, o programa entrega "meia casa boa", que em seguida será finalizada pelos usuários do sistema, com investimento pessoal e possibilidade técnicas de melhorias compatíveis a construções de classe média. Trata-se de uma arquitetura de interesse social, que nasce com qualidade e tem a possibilidade de desdobramentos dentro da capacidade financeira dos moradores, assistidos em seus desejos e preferências pelo próprio programa.
Aravena também é autor de edifícios novos da Universidade Católica do Chile, onde se formou, tais como o UC Innovation Center, as Torres Siamesas, a Escola de Medicina, a Escola de Matemática e a própria Escola de Arquitetura. Nesses edifícios, procurou atingir alta eficiência no consumo controlado de energia, multiplicando inclusive pontos de encontro ao ar livre ou iluminados por luz natural. Também projetou o novo dormitório da St. Edward´s University em Austin, no Texas. E, atualmente, acompanha a construção do projeto que fez para a Novartis, em Shangai, na China, concebido para acomodar os diferentes tipos de trabalho na economia globalizada: individual, coletivo, formal e informal. Lord Peter Palumbo, presidente de honra do Pritzker, revela que os jurados visitaram em grupo os projetos de Aravena, e que nessa ida a campo "sentiram um misto de encantamento e revelação". Decididamente em boa fase profissional, Alejandro Aravena também foi nomeado diretor-curador da Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza em 2016.
Alejandro Aravena, Pritzker para uma arquitetura social e ousada
14/01/2016