AGENDA | A Cidade e a Água 2018

12 de setembro de 2018
12/09/2018
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Organizado pelo Arq.Futuro e pelo Insper, a edição de 2018 do seminário internacional Arq.Futuro - A Cidade e a Água, ocorreu no dia 12 de setembro no Insper, em São Paulo. Como nas edições anteriores do evento, foram apresentados ao público brasileiro casos emblemáticos de sucesso na recuperação de águas urbanas e de seu entorno. Para essa edição do seminário foram escolhidos três casos que se destacam tanto pela qualidade urbanística de seus desenhos quanto e pelo seu propósito explícito de combater as diferentes formas de exclusão urbana.

 

Primeiro, o professor de arquitetura e urbanismo Roberto Montezuma, da Universidade Federal de Pernambuco, apresentou o projeto do Parque Capibaribe, um mosaico de parques e áreas de lazer integrados ao longo de ambas as margens do rio Capibaribe, na cidade do Recife, totalizando 30 quilômetros. O desenho do parque privilegia o deslocamento de pedestres e ciclistas e cria oportunidades para que a população da cidade tenha mais contato com seu meio ambiente e, especificamente, suas águas.

 

Em seguida, o público conheceu o projeto Vida à Água, do município de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Paraná. A iniciativa, que foi apresentada pela Profa. Tamara van Kaick da UTFPR, tem como pilar a conscientização dos cidadãos sobre a poluição das águas, e é baseada em atividades educativas concentradas duas escolas municipais. As atividades têm por objetivo transformar professores e alunos em multiplicadores do conhecimento sobre as ameaças ao abastecimento de água potável na RMC, e implantar soluções de baixo custo em saneamento, coleta e reciclagem de resíduos nas próprias escolas e nas comunidades de seu entorno.

 

Por fim, Sandra Iturriaga, da Universidade de Santiago (Chile), apresentou o caso Mapocho 42K Promenade Geográfica para a Equidade. Esse projeto consiste em uma intervenção ao longo de 42 quilômetros de margens do rio Mapocho que atravessam a capital chilena, Santiago, para que os espaços nas bordas do rio formem um passeio (ou promenade) contínuo, com áreas verdes, ciclovias e espaços de lazer, conectando bairros de diversos estratos sociais e combatendo a segregação socioeconômica.

 

VISITAS A CAMPO COM OS PALESTRANTES

 

Jardim Colombo

 

No bairro Jardim Colombo, parte do complexo de Paraisópolis, as lideranças apresentarão pessoalmente alguns dos desafios típicos da gestão de águas nas cidades brasileiras. O córrego local ainda recebe esgoto doméstico, porque a implantação da rede de saneamento nunca foi concluída. As casas e ruas da parte mais baixa sofrem sazonalmente com alagamentos, consequência tanto da impermeabilização do solo quanto do entupimento da rede de drenagem pelos resíduos descartados irregularmente pela própria comunidade. A área de nascente do córrego ainda tem um pequeno perímetro de mata preservada, porém sofre constante pressão por parte de pessoas que desmatam a área e constroem suas moradias ali, agravando o assoreamento do curso d’água.

 

Cantinho do Céu

 

A requalificação da orla da represa Billings no bairro Cantinho do Céu, distrito do Grajaú, é um marco na recuperação do entorno de corpos d’água em São Paulo. O bairro, situado numa parte pobre da periferia, é composto de casas que foram construídas pelos próprios moradores na ausência loteamento regular ou de infraestrutura urbana básica como ruas, calçadas e esgoto. A intervenção da prefeitura de São Paulo ordenou e qualificou o bairro nesses aspectos essenciais, e foi além: criou na margem da represa uma faixa contínua de espaço público para lazer e fruição, com bancos, calçadões, quadras esportivas e píeres. Além de ser um espaço público, essa orla cumpre outras duas funções: evita novas ocupações irregulares à margem da represa; e permite que a população tenha uma vivência prazerosa de contato com a água do manancial, conscientizando-se sobre o valor de não jogar lixo ou despejar esgoto ali.