O Arq.Futuro, plataforma de discussão sobre as cidades, vem promovendo seminários sobre as águas urbanas desde 2014, quando teve início o ciclo A Cidade e a Água, que passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Piracicaba, apresentando ao público brasileiro algumas das mais importantes iniciativas internacionais de recuperação de rios e seu entorno.
Neste ano, damos continuidade à discussão com mais uma edição do seminário A Cidade e a Água, nos dias 25 e 26 de setembro, em São Paulo, trazendo o arquiteto espanhol Ginés Garrido, do escritório Burgos y Garrido, para falar sobre o projeto Madrid Río, que transformou o centro de Madri com a criação de seis quilômetros de parques à beira do rio Manzanares, num trecho antes ocupado por uma via expressa para carros – situação muito semelhante à das marginais Pinheiros e Tietê de São Paulo.
O Madrid Río teve início em 2003, quando a prefeitura de Madri começou a desenvolver o projeto de construir túneis para levar ao subterrâneo as vias expressas que margeavam o rio Manzanares. Em 2005, lançou um concurso internacional para selecionar projetos urbanísticos, arquitetônicos e paisagísticos para a área que cobriria os túneis, com a intenção de reintegrar o rio e suas margens à vida dos cidadãos. No total, seriam 150 hectares de áreas verdes e sete hectares de equipamentos públicos. Após alguns anos de obra, a nova orla foi inaugurada, com milhares de árvores plantadas, passarelas e pontes para pedestres, ciclovias, passeios, gramados, espelhos d’água e fontes que se transformam numa praia urbana durante o verão, além de quiosques de alimentação com bancos, mesas e cadeiras.
A remoção de vias expressas e a requalificação das orlas são movimentos de aprimoramento urbano vistos em dezenas de cidades, como Londres, Paris, Lisboa, Washington, São Francisco e Nova York. Manifestam a superação de décadas de planejamento urbano voltado para automóveis, e a priorização da criação de espaços públicos, de fruição, para as cidades. Trazendo Ginés Garrido para o seminário A Cidade e a Água, pretendemos mostrar para o público brasileiro como as cidades podem se transformar.
Durante os dias 25 e 26 de setembro, o arquiteto fará duas visitas de campo para entender os desafios a se enfrentar para a despoluição dos rios e requalificação de seu entorno. Abaixo, a agenda:
DIA 25/9
10h - Visita à Usina Elevatória da Traição (Avenida Alcides Sangirardi, 301, Cidade Jardim). A Usina Elevatória da Traição, no rio Pinheiros, permite bombear a água deste rio contra o seu fluxo natural, abastecendo as represas Billings e Guarapiranga. Esse bombeamento foi interrompido em razão da intensa poluição do Pinheiros, mas poderia ser retomado como parte de um projeto de reabilitação do rio.
DIA 26/9
15h - Visita ao córrego do Sapé (Rua Doutor Bernardo Guertzenstein, 1-9, Jardim Sarah, ao lado da UBS Malta Cardoso). Iniciativa de revitalização do córrego ao lado da Favela do Sapé, que não tinha rede de esgoto. Lá viviam 2.500 famílias, com péssimas condições sanitárias. Foi realizado um projeto de urbanização pela Secretaria de Habitação e o projeto Córrego Limpo, uma parceria da Sabesp com a Prefeitura de São Paulo.