O arquiteto Shigeru Ban, vencedor do Prêmio Pritzker de 2014, é conhecido por suas pesquisas com madeira, têxteis e papéis, combinando a tradição construtiva oriental com os ideias de sustentabilidade da arquitetura contemporânea. Na edição de 2012 do Arq.Futuro, que tinha presença de arquitetos-celebridades como Zaha Hadid, Ban ganhou o público com sua arquitetura de soluções simples e delicadas para problemas do cotidiano, com o uso de materiais baratos, recicláveis e de fontes próximas. Estas diretrizes, utilizadas por Shigeru desde o início de sua carreira, são hoje um resumo da tendência de austeridade na arquitetura contemporânea, que une sustentabilidade à busca estética.
A Igreja Takatori, construída em Kobe, no Japão, considerada um marco arquitetônico, é uma síntese de seus ideais. Shigeru já usara tubos de papelão nos anos 1980, em exposições. Impressionado com a capacidade de suporte de carga da matéria prima (denominada “madeira melhorada” pelo arquiteto), voltou a usá-la novamente em 1995, após um terremoto que devastou parte da cidade. Os tubos de papelão foram usados para construir uma igreja, casas e um centro comunitário. Com previsão de duração de 3 anos, a Igreja Takatori só foi modificada 10 anos após sua construção.
No mesmo ano, Shigeru fundou a Voluntary Architects’ Network (VAN), que desenvolve tecnologias para aplicação emergencial em zonas de desastres naturais ou de conflito. A organização já atuou fornecendo soluções temporárias ou semipermanentes após terremotos no Japão, na China, Nova Zelândia e Turquia, além de auxiliar nos campos de refugiados em Ruanda.
"Sou um péssimo designer, na verdade. Então, sempre tento encontrar problemas para resolver por meio do design, em vez de desenhar do zero, em uma tela branca", diz Shigeru.
Agraciado com alguns dos mais importantes prêmios internacionais, Shigeru trabalha com conceitos de transitoriedade e permanência, buscando soluções para situações emergenciais e a convergência do espaço interno com o exterior. O arquiteto também é conhecido pelo uso de materiais inusitados em seus construções: tubos de papelão, papel, contêineres, materiais de embalagens, telas metálicas, tecido, plástico, acrílico, bambu laminado, madeira sem conectores de metal, fibras de carbono, cortinas e compostos de fibra de papel e plástico reciclado.
Atualmente, Shigeru Ban constrói a nova sede do Aspen Art Museum, em Nova York, e acaba de aceitar um convite do governo brasileiro para erguer um centro de ecoturismo na Amazônia, usando madeira cortada ilegalmente e apreendida pelo Ibama.
Pritzker 2014 | Shigeru Ban
19/08/2014
Arq.Futuro 2012 | Palestra Shigeru Ban