Uma nova consciência urbana

22/05/2017
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A partir da virada do século XX para o século XXI, o mundo se tornou predominantemente urbano. Pela primeira vez na história, a porcentagem de população urbana ultrapassa a rural. Esse fenômeno só tende a crescer. Hoje temos 54% de população vivendo nas grandes cidades.

 

É evidente a quantidade de problemas que essa condição, recente em nossa história, tem criado, principalmente nos grandes centros urbanos. Deficiências na  infraestrutura, ineficiência nos sistemas de mobilidade, desequilíbrios ambientais, falta de habitação para todos,  grandes desigualdades sociais e territoriais etc.

 

Mas eu queria atentar a um fenômeno também recorrente dessa nova condição: a consciência urbana. Com esse enorme contingente migratório da população, antes rural, agora urbana, tivemos um período de transição nos hábitos das primeiras gerações a se urbanizarem.

 

O ambiente urbano, considerado como o espaço e pessoa que o ocupa, demorou a se moldar a essa nova vivência, e acredito que ainda estamos nesse período de transição nos hábitos e costumes.

 

Recentemente, ouvi uma história que exemplifica bem essa condição, sobre uma senhora da primeira geração de uma família que migrou para São Paulo. Ela disse: "É difícil a vida na cidade, na roça a gente mata uma galinha e come ela inteira, aqui a gente corta, divide, guarda, congela".

 

Esse é um exemplo simples, mas que revela a dimensão dessa mudança em relação à vida urbana e a dificuldade que ela implica, como apontou a senhora.

 

A cidade é um sistema de produção, tudo é planejado, tudo é coletivo. O cidadão faz parte desse sistema, e por isso precisa aprender a viver na cidade.

 

É claro que em cada país, ou melhor, em cada aglomerado urbano do mundo, esse fenômeno encontra-se em estágios diferentes; mas, em escala mundial, podemos dizer que existe um fenômeno comum: a criação de consciência urbana.

 

Partindo dessa observação, podemos nos questionar: como serão as cidades do futuro? Penso que muitas delas estarão não apenas com suas infraestruturas físicas (mobilidade, saneamento, habitação, equipamentos etc.) bem resolvidas, ou a caminho de o estarem, mas, sobretudo, com cidadãos preparados para a vida urbana, o que faz toda diferença.