Zaha Hadid, uma arquitetura com traço feminino

31/03/2016
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Morreu Zaha Hadid, presença marcante na arquitetura contemporânea e primeira mulher a receber o Pritzker Prize. A notícia foi divulgada a partir de Miami na terça-feira 31/3, cidade onde Zaha esteve internada por problemas pulmonares. Segundo seus assessores, a arquiteta de 65 anos estava sob tratamento de uma bronquite, quando sofreu um ataque cardíaco.

Iraquiana de nascimento e com nacionalidade britânica, Zaha Hadid tornou-se mundialmente conhecida pela ousadia de sua arquitetura, caracterizada por estruturas alongadas, esculturais e em formatos inusitados.  Ao conferir a ela o Pritzker de 2004, o júri do prêmio ressaltou: “Clientes, colegas, jornalistas, todos têm sido tocados pelas formas dinâmicas e pelas estratégias que Zaha utiliza ao criar uma abordagem própria. Cada novo projeto é mais audacioso do que o último. E suas fontes de originalidade parecem intermináveis”.

Bagdá era a sua cidade natal, mas foi em Beirute que ela frequentou o curso de arquitetura da American University. Formada, mudou-se para Londres passando a integrar a British Architecture Association. Foram anos de muita perseverança pessoal para se firmar numa sociedade não muito disposta a dar valor a uma arquiteta imigrante. Em 1979, contudo, a iraquiana de opiniões firmes abriria o Zaha Hadid Archictects na capital londrina.

Suas primeiras encomendas internacionais logo começaram a aparecer, mas Zaha impactaria a sociedade inglesa, e o mundo da arquitetura, com o projeto do London Acquatics Centre (LAC), reconhecido pela exuberência da grande parede externa em forma de onda e pelo formidável complexo de piscinas que serviria de base para as provas olímpicas e parilímpicas de 2012. Dois anos mais tarde, o LAC seria aberto ao público.

Outros projetos relevantes: o teatro de ópera de Guangzhou, na China, o Maxxi, museu de arte contemporânea em Roma, o Heydar Aliyev Center, no Azerbaijão, o Rosenthal Center for Contemporary Art, em Cincinnati, nos Estados Unidos, e o Vitra Fire Station, em Weil Am Rheim, na Alemanha. Zaha estava com projetos importantes a caminho, entre eles, o novo estádio público do Qatar, para a Copa do Mundo de 2022, e o novo estádio olímpico de Tóquio, que será inaugurado em 2020, a um custo de US$ 2,5 bilhões. Um complexo de apartamentos residenciais com a sua grife também deverá surgir ao longo da High Line, em Nova York, até o final deste ano ou no início do próximo.

Com estilo visionário, Dame Zaha atraiu a atenção e o julgamento da crítica especializada, e jamais se incomodou pelo fato de ter tido tantos projetos na gaveta. Era parte do caminho profissional, dizia.  Foi também detentora da medalha de ouro do Royal Institute of British Architects - Riba, o mais importante prêmio britânico de arquitetura. Jane Duncan, presidente do Riba, externou na terça 31/3: “O mundo da arquitetura acaba de perder a sua estrela maior”.  Zaha foi, de fato, uma celebridade cultuada não apenas pelo mundo da arquitetura, como pelo mundo do design e da moda.

Em setembro de 2012, Zaha veio ao Brasil a convite do Arq.Futuro. Sua presença em palestras no Rio foi acompanhada com grande interesse pelo público e, em particular, com entusiasmo pelos estudantes de arquitetura. Nessas oportunidades, a arquiteta falou das suas maiores influências, entre elas, Oscar Niemeyer, e de seu processo criativo, que incluía técnicas de desenho e pintura como forma de experimentação do espaço. Reveja vídeo do Arq.Futuro com uma de suas entrevistas.